Minhas palavras favoritas - Enxergando o mundo através das letras

 “Você precisa de grandes palavras para expressar grandes ideias” - Anne Com E 

Olá, querido leitor <3

Seja muito bem-vinde, sou a Caroline Moreiras, tenho dezesseis anos e aqui neste blog falo sobre cultura, então pode pegar sua xícara, sentar-se confortavelmente e se preparar para tomar um chá cultural comigo! Resolvi começar 2022 revisitando um áudio que gravei em 8 de fevereiro de 2021 e quero compartilhá-lo, me abrindo um pouco mais para você, então hoje vamos conversar sobre as minhas palavras favoritas e espero que me conte as suas, para que possamos entender mais sobre como nós vemos o mundo através delas. Desde o ano passado, algumas palavras se mantiveram, outras já não, descobri novos significados e me apaixonei mais! Espero que goste das atuais.

Quando assisti o Donna Summer Musical achei divertida a forma que ela viu as pinturas quando foi para um museu na Europa. Ela disse que os quadros eram como música sem palavras, quando ouvi isso, ri. Acredito que cada pessoa pense de forma diferente, adaptando essa frase para o seu tipo de arte favorito. Por exemplo, para mim, as telas são como poesia pintada. Para mim, as palavras estão em todo lugar, porque mesmo em textos não verbais, somos capazes de enxergá-las, sempre as utilizando para expressar o que vemos e sentimos.

Por isso sou apaixonada por elas. E mais, elas são poderosas, um simples “sim” é capaz de criar guerras ou formar laços. Podemos usá-las ao nosso favor, conseguimos manipulá-las, utilizar palavras mais doces mesmo quando somos rudes, mas elas também podem se virar contra nós: quantas brigas já foram criadas por um simples mal entendido? Porque a pessoa entendeu o que você queria dizer de forma diferente devido a uma única palavra que mudou todo o tom da conversa?

Além disso, sou fascinada pelo o como elas soam. Palavras podem cantar, tendo uma sonoridade que viria da voz de um pianista ou de uma mãe que acalma seu bebê. Também, elas podem chorar ou murmurar, assim como “urze” e “inquietude”. Por fim, uma simples junção de letras é capaz de adoçar sua vida, como leite e mel em uma tarde chuvosa. 

Tendo isso dito, apresento uma lista com algumas das minhas palavras favoritas (atualizada) e o que eu sinto através delas: 

Sensibilidade: sim, a existência dessa palavra é o único motivo pelo qual eu quero ler “Razão e Sensibilidade” da Jane Austen. Sinceramente, a sonoridade dela é incrível!! É muito gostosa de se ouvir. No geral, costumo gostar de palavras que terminam com “dade”, mas o jeito que ela brinca com o “i” e “l” é simplesmente genial e a torna ainda mais especial que as outras. 

Para mim, ela tem sentido semelhante a algo frágil, mas é diferente, vejamos porque: fragilidade costuma estar ligado ao pejorativo, utilizando-a como forma de diminuir alguém (ou um gênero), já a sensibilidade é a revolução. Para mim essa palavra tem energia feminina, porque é como se todas as mulheres que algum dia foram alvo de piada pela forma que se expressavam e demonstravam suas emoções, sendo chamadas de “sexo frágil”, ressignificassem isso. 

Nós adotamos essa fragilidade e fizemos dela poesia. Sendo assim, sensibilidade é a metamorfose do frágil sendo transformado em habilidade de enxergar o que está além da palavra, de expressar os sentimentos que estão à flor-da-pele sem medo. E mais, sem a necessidade de fazer disso algo agressivo, pois ser sensível é o que torna isso tão bonito e tem a capacidade de melhorar a vida. 

Sensibilidade e fragilidade são díspares também ao passo que algo frágil remete ao que foi construído em bases fracas, resultando em esforço constante para ser mantido. Já a sensibilidade não, ela representa algo construído com dedicação, carinho, cuidado e amor, portanto não são necessários grandes esforços para que não se destrua, já que a forma que foi feito faz com que seja sensível, puro, doce e resistente. Amo essa palavra sim!!

Inconstante: A palavra em si carrega uma poesia inteira. Carrega dor, raiva, tristeza e angústia. Assim como um oceano que é incomodado por uma tempestade, ela é um paradoxo: como pode algo que ontem me acalmou e limpou minhas energias negativas, hoje me afogar e ser tão frio e distante do amor? Além disso, lendo ela por si só já temos um efeito bem profundo, porque o som e a construção dela são bem fortes. Para mim, a palavra causa o mesmo impacto que pessoas inconstantes podem causar. 

Toda vez que falamos de algo inconstante a conversa carrega mágoa, é uma poesia doída: “Essa pessoa é inconstante demais, ela não sabe o que ela quer! Um dia parece que eu sou o amor da vida dela e no outro some sem motivo aparente, para aparecer cinco dias depois como se nada tivesse acontecido! Ela me machuca.” O inconstante dói e eu acho lindo que a própria palavra já transmite essa sensação, como um tapa na cara, ela não precisa estar interligada a outra coisa para trazer a dor, por si só já tem esse efeito, então eu acho perfeito. Ela é poderosa e tem gosto de café amargo. 

Promessa: essa palavra tem gosto de incerteza, mesmo que não deva, e acho que todo mundo concorda comigo. Ela é bem complicada, porque a utilização dela pode mudar todo o impacto de uma relação na vida de alguém, por isso devemos tomar cuidado ao prometer coisas que não podemos cumprir. Todos já devem ter feito isso algum dia e está tudo bem, a gente comete erros mesmo, mas é importante ficar atento porque isso pode criar feridas profundas no coração de uma pessoa e talvez você já esteja longe quando ela tentar curá-las, mas seria sua responsabilidade ajudar. 

O motivo pelo qual eu gosto tanto dela é justamente esse: utilizá-la é andar em uma corda bamba, uma linha tênue entre o amor verdadeiro e o traidor. Ela é perigosa, eu mesma evito usá-la porque é o compromisso mais forte que você pode estabelecer com alguém. Mas me encanta a forma como apenas oito letras podem causar tudo isso!!! O ser humano é divertidíssimo. 

Epifania: da série: palavras que eu só usei uma vez em uma conversa na vida real, mas desde que eu li pela primeira vez (em 2019) faço questão de encaixar em todo texto que eu escrevo. Epifania é uma espécie de deslumbre, o dicionário a define como súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo. Eu a defino como magia. 

Se existem palavras mágicas para lançar feitiços, essa definitivamente é uma delas. Existe algo mais encantador do que um estado de êxtase repentino como esse? Não é todo dia que você encontra alguém na rua e ela te diz que teve uma epifania. Então, acredito que isso que a torna tão especial, a raridade do acontecimento dá a palavra uma atmosfera sobrenatural. 

Além disso, todas as pessoas que tiveram uma epifania, a descrevem dizendo coisas como: “Me teletransportei para outra realidade!”, “Depois disso minha vida não foi mais a mesma!”. Então assim, se isso não é magia, eu não sei o que é. Fora que a própria construção da palavra é rara, não consigo pensar em outras que tenham o mesmo som, dando a ela um ar ainda mais misterioso. Simplesmente maravilhosa. 

Mel: eu não sou a maior fã de mel, para ser sincera acho bem ruim se for puro, mas a literatura me fez amá-lo. Lendo o livro “ O Jardim Secreto” e estando rodeada pelo aroma de mel que vem das abelhas e a poesia do sabor do café que a mãe de Dickon preparava para eles: uma mesa farta com pães, cremes, batatas, geléias, leite e mel, ficou impossível não adicioná-la como uma das minhas favoritas. 

Simples, doce e pequena, ela carrega agora memória afetiva da magia do jardim, sendo sinônimo de felicidade, infância e amor. Se for parar para pensar, todas as vezes que essa palavra aparece, está relacionado a algo positivo e é utilizada para causar uma atmosfera tranquila e amorosa. Por exemplo na música “Fica” de Anavitória com Matheus e Kauan temos “Em mel e girassóis te peço//só te peço//fica//fica, me queira e queira ficar”. O mel e os girassóis são os responsáveis por trazer o romantismo para a súplica. 

Sua sonoridade é de açúcar derretendo na boca lentamente, como “Primavera”de Vivaldi. Além disso, antes mesmo de me apaixonar pelo jardim, já tinha uma certa inclinação a gostar da palavra devido ao poema da Rupi Kaur de seu livro “Outros jeitos de usar a boca”:

Nesse caso, leite e mel representam a superação.

Intrinsecamente: esqueço o significado dela com a mesma frequência que tomo água (quase sempre, inclusive bebam água), posso considerá-la uma das minhas palavras favoritas, mesmo assim? Claro que posso!

Significado segundo o dicionário online de português: 1. De maneira intrínseca, de modo a fazer parte da essência de algo ou de alguém: sempre me pareceu intrinsecamente feliz. 2. De modo íntimo, particular ou próprio: comportamento intrinsecamente agressivo.

Bem, agora que todos nós lembramos o que ela significa podemos prosseguir. O motivo pelo qual eu gosto tanto dela é que ela é muito mais chique do que dizer particular, então toda vez que eu a escrevo (porque eu nunca a falei em uma conversa) me imagino segurando uma xícara de chá, fazendo cara de madame, vestindo um terninho e calçando salto alto. Certeza que se você pesquisar “intrinsecamente aesthetic” no Pinterest aparece exatamente isso, confia em mim. 

Além disso, ela me passa uma vibe de algo que está costurado a essência de alguém, dando mais ênfase do que seus sinônimos e estando literalmente preso a alguma personalidade, sendo impossível pensar na pessoa sem pensar imediatamente nessa outra coisa também. Também amo a sua sonoridade, soando mais sensível do que outras com o mesmo significado. 

Ficaria mais horas escrevendo palavras que sou fascinada, mas desse jeito teria que escrever um livro (algum dia teremos), então por enquanto te deixo com essas deliciosas palavras e duas perguntas: o que, na sua opinião, está intrínseco na minha personalidade? e, quais são suas palavras favoritas? Por qual motivo? (foram três) 

Obrigada por ter lido até aqui, querido leitor, aguardo seu comentário nesse post e espero que tenha gostado! 

Abaixo você pode ouvir o áudio que originou esse post, da Carol do passado, nele você pode ver o que mudou e o que se manteve:

 

Carol Moreiras · Palavras favoritas da Carol de 8 de fevereiro de 2021

Com sensibilidade, 

Carol Moreiras