O Jardim Secreto - Livro VS Filme
Olá, querido leitor! <3
Seja muito bem-vinde, sou a Caroline Moreiras, tenho dezesseis anos e aqui neste blog falo sobre cultura, então pode pegar sua xícara, sentar-se confortavelmente e se preparar para tomar um chá cultural comigo! Hoje o meu pedido é: Prepare-se para uma possível discussão, pois eu irei falar sobre as minhas impressões do filme "O Jardim Secreto" (1993) de Agnieszka Holland.
Poster do filme
Inspirado no maravilhoso livro de Frances Hodgson Burnett ( se ainda não leu, veja minha resenha do livro clique aqui e depois volte para cá) , o longa tenta passar a magia das palavras para o cinema, contando com atrizes como Maggie Smith (a Minerva McGonagall, de Harry Potter) para viver os personagens da história. Entretanto, para mim, ele falhou miseravelmente.
Ao acabar o livro, a primeira coisa que fiz foi assistir ao filme, para ver se conseguia manter um pouco da doçura e gentileza da história ainda comigo, esperava até que fosse mais intenso por poder finalmente ver o jardim ao vivo e a cores. Porém fiquei decepcionada. Recebi um romance forçado entre crianças de oito anos de idade (que simplesmente não teve sentido nenhum e não estava presente na história original), uma atmosfera chata, uma adaptação ruim e coisas mal explicadas.
Eu consigo compreender porque algumas pessoas gostam tanto do filme, seja porque fez parte da infância ou porque conseguiu encontrar magia enquanto assistia, mas para quem leu o livro ele se torna fraco.
Posso citar como uma das coisas que me incomodou bastante e me faz pensar que é uma adaptação ruim o fato de retirarem alguns personagens que no livro foram importantíssimo para o desenvolvimento da protagonista Mary (Kate Maberly). Ou então, diminuir a importância de outros no filme.
Consigo imaginar que, devido a época em que o filme foi produzido, o motivo por essa escolha tenha sido apagar a relevância que pessoas pobres tiveram na história. Por exemplo, a mãe de Martha (Laura Crossley), Dickon (Andrew Knott) e outros dez irmãos que moravam juntos na charneca, no original, é quase como uma fada madrinha para Mary, a guia com toda a sua sabedoria e amor maternal que parece ter com todas as crianças, a auxiliando a ver o melhor da vida.
Além disso, Dickon, que no livro é descrito como o melhor amigo que a protagonista pode ter e um encantador de animais, mal aparece no filme e quando aparece, é como um personagem secundário. Por fim, Martha, a empregada que deveria ter uma personalidade forte e tagarela, fazendo Mary começar a gostar de viver, aparece como uma menina risonha, mas que não tem um impacto de verdade na história.
Como disse anteriormente, imagino que tenha sido uma tentativa de apagamento, já que a pessoa que acaba tendo mais impacto na história é o primo rico da protagonista - no livro, ele também é importante, mas esses outros mantêm-se na mesma escala - então, devo dizer que essa tentativa acaba dando certo, mas resulta em um filme ruim com relações superficiais. Fiquei super incomodada, o coração de leitora doeu kkkkkk.
Já que os laços que a protagonista cria são o mais importante da história e são o que, de fato, mudam a forma de Mary enxergar o mundo, o filme não faz tanto sentido. As relações são superficiais, então o que, exatamente, a faz mudar? Seria apenas o jardim?
Falando nele, aqui vai outra coisa que me incomodou: o cenário. Bem, isso é só uma questão de opinião mesmo, mas para mim o jardim secreto que aparece no filme é horrível (o da minha cabeça era lindo). Acredito que a forma que ele foi representado até faz um pouco de sentido, se ele não era tocado há uns 10 anos e quem cuida dele após esse tempo são pessoas que não tem um conhecimento incrível sobre jardinagem, ele não podia ser lindíssimo. Porém, acredito que se tratando de um clássico infantil que discute essencialmente a magia, o realismo não deveria ser o caminho a ser escolhido.
As crianças no jardim
Acredito que o que a diretora mais pecou foi nas relações entre os personagens, porque isso resultou em todas as outras coisas ruins do filme, que poderiam ter sido evitadas se os laços fossem bem desenvolvidos. Como disse na minha análise do livro, o ritmo da história é lento, porém as descrições da autora e ver as crianças conversando faz com que isso tenha um grande sentido. No filme, o ritmo é lento e as relações superficiais, não há boas conversas, criando uma atmosfera chata.
Também, ao contrário do livro em que o amor presente era de uma amizade, tornando a história sobre a magia criada quando se junta confiança e natureza, temos um romance forçado entre as crianças. É quase como um triângulo amoroso, que simplesmente não faz sentido e contribui para tirar a inocência da infância que era fundamental para passar a mensagem da história.
Portanto, ao invés do novo filme favorito que eu esperava, dei uma avaliação de duas estrelas e meia. Porém ainda não desisti! Pois acredito que a versão de 2020 ainda possa conquistar meu coração, então em alguma quarta futura, podemos conversar sobre ela também!
É isto, querido leitor, espero que tenha gostado do post e obrigada por ter lido até aqui. E você, já assistiu ao filme? Gostou? Quero saber sua opinião nos comentários!
Por,
Carol Moreiras
Poxa vida. Não li O Jardim Secreto (o que sei é o que vi na sua postagem) e também não assisti o filme. Mas entendo que ao escrever uma história e mostrá-la num livro o autor trabalhou sozinho, ele foi o criador único (pelo menos acho que é assim). Já ao transpor essa história para um filme há o envolvimento de centenas, as vezes milhares de pessoas. Claro que poucos tem poder de decisão (diretor, produtor, roteirista), mas há também a questão fundamental do orçamento e as dezenas e dezenas de profissionais necessários para a execução da trama, prazo, etc (sem falar das atrizes/atores). Bom, acredito que nesse universo todo, as vezes, o resultado pode não ser tão bom. Sei que não é o caso do filme que você assistiu mas quantas vezes não vimos um filme e precisamos "dar um Google" para entender o que o diretor quis dizer naquela película. Por experiência posso comentar que entre livro x filme, o 1°, quase sempre foi melhor. Acredito que entre as várias explicações uma é que na nossa imaginação muitas vezes entramos na história e participamos do enredo. Aí então o LIVRO leva vantagem, desde que sejas um leitor.
ResponderExcluirVai se tornar uma crítica de cinema ?Continue👍
É mesmo, padinho, ainda mais pensando que o filme foi produzido na década de 90 é possível que diversos pontos que levantei como fotografia e cenário não pudessem ser feitos com a melhor qualidade por pura falta de boa tecnologia, recursos mesmo. Concordo que em 95% das vezes, o livro acaba sendo melhor que o filme, acho que além do que você disse, criamos uma memória afetiva, um carinho maior por passar mais tempo lendo e tentando compreender.
ExcluirQuem sabe não vire crítica de cinema KKKK Netflix, me contrata!!
Obrigada ❤️
Ao ler um livro damos asas a imaginação e isso enriquece a leitura... dificilmente um filme se iguala ao que pensamos/criamos em nosso imaginário. Por isso, muitas vezes nos decepcionamos.
ResponderExcluirIsso é verdade, mamãe! Às vezes não é nem que o filme é ruim, só não cumpriu minhas expectativas por ter lido o livro :) Talvez eu gostasse se não tivesse lido, não é?
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