Leia Mulheres - 8 de Março

Tradução: feliz dia da mulher! 

Imagem do Pinterest


   Olá, querido leitor! <3 

     Seja muito bem-vinde, eu sou a Caroline Moreiras, tenho dezesseis anos e aqui neste blog falo sobre cultura, então pode pegar sua xícara, sentar-se confortavelmente e se preparar para tomar um chá cultural comigo! Ontem foi o dia internacional da mulher, um dia que representa luta e que, ao meu ver, também pode ser uma forma de agradecer as conquistas das mulheres que lutaram antes de mim para que eu pudesse ter a liberdade da palavra, de me expressar como quiser e dizer minha opinião. Esse mês é para celebrar as minhas conquistas como alguém do gênero feminino na sociedade e de todas as mulheres que fazem parte da minha vida e eu admiro e amo tanto. Estamos sempre juntas. 

Tendo isso em mente, quis fazer a minha contribuição indicando livros escritos por mulheres plurais. Já que, não adianta absolutamente nada dar flores em um único dia se você não respeita o gênero feminino no resto do ano. Se você for um homem e realmente quiser contribuir para a luta feminista, escute mulheres: em casa, quando elals dizem como estão se sentindo, no trabalho, nas músicas, em podcasts e quando elas dizem que você está sendo machista. Veja mulheres: não as invisibilize, veja filmes dirigidos por elas, assista-às atuando em papéis importantes, no cinema, jogando no futebol, no teatro, no romance, no drama e nos filmes de guerra. E, por fim, leia mulheres: suas histórias, suas poesias, leia livros com protagonismo feminino, seus blogs, suas pesquisas científicas, seus artigos acadêmicos, nos livros de história e suas legendas no instagram. Sempre, em todos os lugares. 

Hoje, tomarei o viés literário (novamente rs) porque a palavra foi negada para nós durante muito tempo. Virginia Woolf disse que “Na maior parte da história, o anônimo foi uma mulher”. Escritoras incríveis como Jane Austen e As Irmãs Bronte, simplesmente não puderam publicar seus livros pelo fato de serem mulheres. Quando publicaram, tiveram que manter-se anônimas ou utilizar pseudônimos masculinos. Você sabia que o famoso poeta George Eliot na verdade era uma mulher chamada Mary Ann Evans? Mas ela nunca publicou nenhuma de suas poesias com seu nome verdadeiro em vida para que seu trabalho fosse levado a sério. 

Uma coisa que eu também acho ridícula é quando algumas livrarias fazem descontos exclusivos para mulheres no dia das mulheres, entretanto os únicos livros dentro da promoção são de romance, como forma de insinuar que apenas esse gênero faz parte do gosto e da literatura feminina. Portanto, hoje indicarei livros mulheres plurais, de gêneros diversos, para que você leia, independentemente da sua identidade, de modo a dar voz para uma minoria (que na verdade, quantitativamente, é maioria) e contribuir para sua luta. 

O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras - Bell Hooks 

Ano passado, o mundo perdeu uma ativista, multiartista e inteligentíssima professora. Teórica feminista e antirracista, Bell Hooks escreveu este livro. Recomendo para quem é iniciante no movimento feminista e quer entender por onde começar, pelo o que lutamos e em quais recortes precisamos pensar. 

Apesar de ser um livro teórico, o vocabulário é bem simples e tudo é explicado de maneira completamente compreensível. Além disso, adoro ele porque seus capítulos dividem diversas etapas da luta: há capítulos sobre direitos reprodutivos, raça e feminismo, luta de classe, educação feminista, etc. Feito com cuidado,  consciência e muito estudo, há também grandes explicações históricas nele. 

Imagem de Bell Hooks

O olho mais azul - Toni Morrison

Peguei emprestado de uma querida amiga minha que tinha a edição especial da TAG curadoria e simplesmente amei. Toni Morrison foi a primeira mulher negra a ganhar um prêmio Nobel de literatura, há apenas 30 anos atrás. Sua escrita é delicada e tocante. 

Em "O Olho mais Azul”, conhecemos Pecola e sua infância sofrida: seus desejos de ter uma beleza diferente da sua, de modo a não ter que sofrer os impactos do racismo desde pequena. Além disso, vemos a pressão estética que todas as meninas sofrem (desde crianças). É triste, mas delicado ao mesmo tempo, pois o olhar infantil tende a tornar tudo mais inocente, mesmo quando parece que o mundo faz um esforço para retirá-la. 

O que eu adoro nesse livro é que cada capítulo é narrado na visão de um personagem, então podemos ter uma visão ampla de tudo o que acontece na história. Foi o livro de estréia da autora, sensacional. 

A edição linda da tag

Persépolis - Marjane Satrapi

Marjane Satrapi foi a primeira mulher iraniana a escrever uma história em quadrinhos. E sinceramente, que história incrível! Nesse livro, conhecemos sua história de vida durante e após a Revolução Islâmica, de maneira pessoal e repleta de sentimentos. 

Foi interessantíssimo lê-lo, pois além de ter feito essa leitura com a escola, pude entender mais sobre uma cultura que eu tinha quase 0 conhecimento. Também, eu me diverti muito em alguns momentos, adolescentes lendo sobre adolescentes é sempre uma coisa maravilhosa. Satrapi é determinada, tem uma personalidade forte e é incrível vê-la lutando por tudo o que quer e pensa. Mas também sendo inteira, chorando e se sentido sozinha em alguns momentos. 

Os desenhos são incríveis, em preto e branco com um traço bem marcado, porém simples, buscando marcar mais as expressões do que detalhes realistas das pessoas. Foi maravilhoso ver a menina prodígio se tornando uma mulher sensacional através desse livro. 

                                                      Um dos trechos do livro


Oxe, baby - Elayne Baeta

Esse, eu infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler inteiro (aceito presentes), porém li alguns poemas nas redes sociais da autora. Porém, já me sinto no direito de recomendar, pois pelo pouco que eu li já sei que é maravilhoso. 

Elayne Baeta é lésbica, poeta e bahiana. Tem dois livros publicados, “O amor não é óbvio” e “Oxe, Baby”. Nesse segundo, temos uma coletânea de poesias sobre mulheres amando mulheres. A autora defende que ser lésbica é revolucionário, pois as pessoas incentivam a rivalidade feminina, pois não querem ver mulheres juntas, quem dirá românticamente juntas. Além disso, ela diz que é literalmente a única sexualidade que exclui homens e eles estão em todas as esferas de poder, por isso que incomoda tanto a sociedade. 

Suas poesias neste livro são divertidas, pessoais e sentimentais, contando histórias da primeira vez que ela se apaixonou, beijou uma garota, entre outros momentos. 

Um dos poemas presentes no livro (Foto do twitter da autora) 


Por fim, querido leitor, acabei de perceber que todos os posts do meu blog com o marcador “Literatura”, exceto por Kafka à beira Mar e o Dia do Curinga, são escritos por mulheres! Além de comentados por uma :) Então, eles podem ficar de leitura extra para você também. 

Estou terminando de editar um documento com mais indicações femininas para vocês, em diferentes âmbitos. Assim que ficar pronto coloco aqui e divulgo no meu instagram @carol.moreiras 

Espero que tenha gostado do que leu até aqui e gostaria deixar uma pergunta para minhas meninas hoje: Para você, o que é ser mulher? 

Até a próxima quarta! 

        Edit de 14 de março de 2022: Oi, gente! O documento está pronto e será alimentado constantemente, espero que gostem. Se tiverem mais recomendações, podem deixar nos comentários do post. - https://docs.google.com/document/d/1GkDYS2mIAeH_J6GX2GOdAIJlOrYrU3HaPx_SlBmCfY/edit?usp=sharing


Por, 

Carol Moreiras


Comentários

  1. E se você tiver alguma outra indicação feminina, pode deixar aqui nos comentários também!

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    1. Como sempre Carol, majestosa em sua explanação. Como havia comentado, sugiro que tenta apreciar outra mulher, de nosso tempo, que nos deixou há pouco tempo. Para mim, ainda jovem, com uma morte que nos pegou de surpresa. Falo de Fernanda Young. Sei que, se aprofundar no que ela fez, vai adorar e apreciar.

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  2. Ser mulher é luta, resistência, é potência! Muito já avançamos, mas ainda há muito por conquistar. Sinto que nos fortaleceríamos ainda mais se houvesse sororidade... Mas estamos em processo, eu por exemplo, aprendo diariamente e me faço mais feminista a cada dia, me constituo e me fortaleço na mulheres que fazem parte da minha vida e você sem dúvida é uma delas!

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  3. Que belo post mocinha para o dia da mulher. Listando um pouquinho do que ELAS escreveram e escrevem. Muitas vezes a gente só percebe certas coisas quando usa o olhar do outro (a), aí então fica fácil entender a crítica a descontos e promoções para livros de determinado estilo. Meu time do coração (se existe alguma dúvida é o todo poderoso
    Corinthians) tem uma frase/lema bastante conhecida, falando das mulheres, com os dizeres:
    #RespeitaAsMinas.
    Então parabéns para as meninas nesse um dia dos 365.

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  4. Mulher é força, muita luta pela sobrevivência, sensibilidade e inteligência. E você como pessoa também é umas das mulheres que tenho uma baita admiração e respeito, que me acrescenta muita coisa em vários sentidos mesmo com sua pouca idade.
    Post sensacional em homenagem a esse dia que é tão triste para todas nós, mas que como você mesma mencionou ainda somos gratas as conquistas das mulheres que lutaram antes de nós, deixando o legado da batalha diária que ainda temos que travar.

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