Metalinguagens feitas por mim - Dominada por palavras (2020)
Olá, querido leitor! <3
Seja muito bem-vinde, eu sou a Caroline Moreiras, tenho dezesseis anos e aqui neste blog falo sobre cultura, então pode pegar sua xícara, sentar-se confortavelmente e se preparar para tomar um chá cultural comigo! No post de hoje, vamos para um lugar mais tranquilo, pois a conversa vai ser pessoal. Nessa quarta irei, mais uma vez, compartilhar uma poesia minha.
Esse texto é um dos meus favoritos porque me fez fugir da zona de conforto. Estava querendo diversificar meu estilo de escrita para não ficar estagnada e poder exercitar minha criatividade, então decidi me inspirar em uma das minhas escritoras favoritas da época. Foi divertido demais, mesmo que não seja o estilo que mais estou habituada a escrever.
A escritora favorita da época completou dezoito anos esse ano, o que mostra que nossas idades são relativamente próximas. Tal fato me deixava (e ainda deixa) completamente extasiada. Sua habilidade com as palavras sempre me encantou, sinto que ela é melhor amiga de todas elas, pois as entende com singeleza e, em uma mistura sútil, faz com que elas derretam na boca ao serem pronunciadas. Lendo seus textos, me sinto como uma fada dançando na beira de um lago ou como um escritor romântico do século XIX, tomando vinho na varanda enquanto escrevo com intensidade. Logo, deixo aqui a minha indicação da leitura da Leticia Iskin e o link onde a maioria de suas histórias estão publicadas: https://www.wattpad.com/user/apolomusegetes (minha preferida é "Uma Margarida Colhida Do Fundo De Um Lago"). Depois me conta o que Leticia te faz sentir.
Enfim, desfocando das palavras dela, esse texto reflete o que as palavras no geral me fazem sentir, e mais, o como o exercício de me expressar através delas é quase que uma questão de sobrevivência para mim. Por isso que um dos meus filmes favoritos é "Sociedade dos Poetas Mortos" (1989), ele demonstra a importância que a arte e a poesia têm para sociedade e explica que elas precisam ser sentidas, do fundo do coração.
Mesmo quando fico por meses em bloqueio criativo, é como se as palavras não me deixassem em paz, martelando ideias na minha cabeça em um sussurro que que ecoa "volte para nós!", então, quem sou eu para não voltar, não é? E quando volto, sempre me parece certo, como se uma profecia dissesse que nossa relação tivesse que acontecer. E não digo isso de um modo "O mundo precisa me conhecer!", mas sim no sentido de que eu sinto que precisava conhecê-las e que, de certa maneira, elas queriam me conhecer também. Já disse isso no mínimo umas dez vezes, mas eu sou completamente apaixonada por palavras.
Deixo vocês, então com "Dominada por palavras", escrito por mim no início de 2020, após alguns meses de bloqueio criativo:
3 de janeiro de 2020, sexta-feira | 00:15
Dominada por palavras
Talvez eu esteja delirando, completamente louca e absorta em pensamentos tolos e vazios. Mas me parece que mergulho em um rio profundo, que em um paradoxo inconstante me puxa para cima.
Afundo, sendo afogada pelas palavras que me tiram o ar e a sanidade, mas que me mantém viva. Me deixam maluca, me fazem dizer coisas que não fazem sentido algum e são completamente desconexas. Eu as decepciono, mas elas se divertem. Pedem para ser escritas.
Sou dominada pelas letras que querem ser desenhadas com o auxílio das minhas mãos. A caneta fala comigo e me manda segurá-la que ela fará o resto do trabalho. Se não a obedeço fico inquieta, me falta algo.
Não tenho controle, elas apenas saem, cabe a mim organizá-las posteriormente, se tiver a permissão. Me sinto forçada a falar que, apesar disso, parecemos ter muito em comum. De alguma forma sinto que as conheço de tempos antigos. Elas têm posse sobre mim, mas eu sou parte delas.
Não faço ideia de qual tipo de poeta medíocre diria uma coisa dessas. Onde já se viu, um escritor se comparar com as palavras? Certamente enlouqueceu.
Isso é fato, não sou mais a mesma desde que as conheci, mas não interpreto como algo ruim. Gosto de pensar que podemos ser parecidas. Eu não preciso contestar o que elas dizem, pois elas são sinceras, não mentem sobre o que sinto. Entendem mais o que tem dentro de mim do que eu. Mas me fazem externalizar o que está guardado no sub, no consciente e em todas as partes de mim.
Elas criam um novo eu. Fazem com que eu queira me afogar e me puxam para que esteja cada vez mais próxima delas. De forma que a água não parece nada desesperadora e apenas me faz um convite amigável.
Então mesmo quando eu escrevo tanto que fico sem ar e acabo tão dentro delas que deixo com que tirem tudo de mim, ao ponto de ficar oca por dentro. Gosto de pensar que somos similares.
Eu e o rio palavreado. O poeta e as palavras. A arte e a humanidade.
Isso deve ter lhe parecido mais um devaneio de um daqueles escritores lunáticos que já não tem mais controle sobre si mesmo, sei disso. Mas culpe a elas, não a mim. As palavras me pediram para ser escritas, eu, novamente, fiz meu dever e obedeci.
Oi Carolzinha. Gostei muito do dominada por palavras. É bem legal ver sua relação com elas! Sabia que há idiomas e culturas antigas em que as palavras e as letras são consideradas entidades espirituais, ou representações de entidades, forças da natureza, da criação? Há alfabetos em que as letras e os números se confundem, isso torna esse entendimento ainda mais literal, não poderia usar outra palavra aqui. Mais literal e verdadeiro. Porque tudo são números e a matemática está em tudo, não? Mas matemática é só uma linguagem, como as outras. Palavras e letras certamente são uma força criativa! Mas já parou pra pensar que podem ser num sentido cósmico e universal, como se fossem pedacinhos da inteligência de Deus agindo por conta própria e construindo o mundo?
ResponderExcluirVai Carol, se exponha, você tem conteúdo.
ResponderExcluirLi (adorei) sua poesia; li (adorei) Letícia Skin. Como disse João Carlos Martins a arte cura a alma e para isso precisamos que nasçam artistas. Felizmente tem brotado adolescentes (Caroline Moreiras, Letícia Skin, Amanda Gorman, etc, etc).
Acho você, Letícia, inquietas, oniricas e quando o magma escapa nos brindam com suas poesias. Falando de "Dominada pelas palavras" vemos que ELAS são o ar da sua vida.
Se estiver feliz: escreve, se triste: escreve.
Dos escritores que li o sentimento sempre foi bom, pois me alegraram, ou emocionaram, ou viajei, ou aprendi, ou tudo ao mesmo tempo (essa é a beleza e importância das leituras).